Final de tarde. Tranqueira toma conta de vias como Carlos Gomes, Augusto Meyer, Plínio Brasil Milano e Furriel Luiz Antônio de Vargas, entre os bairros Auxiliadora e Mont'Serrat — se já era ruim antes, imagina com as obras da trincheira da Anita Garibaldi que se arrastam desde 2013. Aborrecimento? Estresse? Sensação de tempo perdido? Não para Paloma Leal Barnaske, 18 anos, que está garantindo o seu sustento.

"Os motoristas não gostam, mas pra gente é bom", garante a vendedora de pão de queijo, que atua no semáfaro entre a Augusto Meyer e a Plínio.

Há dois anos, uma empresa de Novo Hamburgo lota uma Kombi com vendedores, devidamente uniformizados com boné e jaleco amarelo, para atuar no local. Quem leva a equipe é o próprio filho dos proprietários do Pão de Queijo da Kika, Roger de Oliveira, que também é responsável pelas vendas externas da empresa.

Roger conta que são comercializados, em média, 500 pães de queijo por dia. Mas lamenta que a crise já tenha chegado aos semáforos: as vendas caíram 30% a 40%. Não por conta de menos congestionamento — ele garante que o local segue trancadinho, propício para as vendas.

"Vou ficar preocupado é quando acabar a trincheira. Vou ter que procurar outra obra", diz ele.

Roger destaca que o pão de queijo vendido ali não é qualquer pão de queijo: tem uma receita exclusiva, trazida de Minas Gerais. Será que o raio gourmetizador chegou até na sinaleira?